quarta-feira, 24 de março de 2010

O que temos de ser.




Hoje, após mais uma balada com as amigas no carro de volta para casa, um pouco louca por um banho morno, as pernas pro alto e um descanso de 12 horas seguidas tão almejadas já me faziam lutar emancipadamente contra minha insônia.
Mas elas não paravam um segundo sequer.  Tocavam sempre no mesmo assunto:
Eles. Homens. Assassinos do pouco romantismo que nos resta a cada vez que conhecemos um diferente.
Bom, ao menos era isso que elas queriam dar queixa, fazer um boletim de ocorrência e até mesmo prender o feitor por tal atrocidade. Eu não as tiro a razão em um segundo sequer, mas me deparo com um comentário que desperta muito meu interesse naquele instante.
" Amor é coisa de pobre! Rico tá ficando mais rico, viajando e se comendo!"
Aí eu não resisti e soltei um sorriso de escanteio. Mas o segundo logo em seguida, sem pausa ou hesitação saiu bem seguro de si mesmo. " Homem pra quê? Só se ele tiver muito volume... Principalmente na carteira!"
Ah! Aí foi demais. Acabei me deixando levar pelas gargalhadas instantaneamente maldosas mesmo me embaraçando toda por dentro. Dava pra sentir aquela ironia toda brotando por uma única razão:
Pertencia a quem estava na reta guarda, carregando certo tipo de revolta despercebida para que possamos sair a francesa e ainda ficar no salto sem que ele se quebre assim como nós por dentro. E só aí vai um longo processo de reconstituição.
Não acredito em toda essa especulação da guerra dos sexos ou de que mulheres são assim e homens são assado. Se bem que ultimamente tenho adorado deixá-los cozinhar em banho-maria pra ver se atingem o ponto.
A questão é que é tudo muito humano e isso sempre vai ser complicado. Há muita expectativa. Há aquilo o que se espera do outro. Sentimentos correspondidos ou não e sinceramente quem já teve algum relacionamento sabe muito bem como é.
Como dizia Clarice Lispector ou junta-se as imperfeições junto as perfeições e ama-se ou sabemos que há grandes chances de chegar a desconjuntura. Pois assim continuo a acreditar que nada tem a ver com o sexo.
Então nunca diga homens!
Diga, aquele homem!
Diga o que quiser. Chame-o de imaturo,
de cretino, aquele mesmo.
Mas generalizar não é saudável nessas situações.
Enfim! Não sei porque é tão difícil achar alguém que abrace a vida junto a nós, que te queira mesmo sabendo que você gosta de tomar o chá das cinco, que às vezes pode querer assistir ao ultimo capítulo da novela, que não estará perfeita com a lingerie mais sexy do mundo todos os dias, que faz manha também ou que gosta de ser bem tratada 24 horas por dia e tem dia que não quer ninguém no pé.
Já até pensei em tê-lo achado, mas isso nunca foi garantia de nada. Eles aparecem com uma sinopse atraente de como seria um relacionamento.Depois prepare pra se sentar e assista a si mesma em 2 anos. É deprimente como você se prende, se rende, luta, renega que está entregue mas acaba sendo inevitável. Você ama em cada detalhe alguém que vendeu muito bem seu peixe e não estava preparado para cuidar ou se entregar também.  O que revolta é o lento processo de inércia dos sentimentos, é o quanto você estava quietinha e aí aparece um filho de Deus e lasca com a sua vida de novo.
Não nego que existam homens maravilhosos, já conhecí alguns mas dessa vez quem não acredita sou eu. Já estou vivendo famoso ditado " pegue mais não se apegue". Nada minha cara chegar nesse ponto, mas em certas fases devemos nos esforçar para ter amor próprio.
E aí me vem a terceira frase mais bruta jogada por mais uma de minhas companhias doidas!
" Depois que um filho da puta me deixou assim a única coisa que me interessa são os favores e ele enchendo a minha bola enquanto eu piso mais um pouquinho. Ah e por favor, de pobre já basta eu!."
Percebia que era uma crueldade crucial já que nós mulheres só assim nos recompomos e já que eles homens só parecem " engatar" nos maiores desafios.
Agora nem sei mais, acho que já estou sendo levada pela tal revolta despercebida.
E agora pra quem vai a culpa?
Cansei de escutar:
" Burrice! Como você pode estar sendo tão estúpida? Valorize-se!"
Mas no fundo ninguém entende que eu quero preservar o que há de puro ainda,
guardar o que conheço como amor e
acreditar nele sem deixar ele evaporar como as esperanças.
Mesmo atrás do orgulho que cobre os olhos, seda o coração e nos deixa em pé. Sei bem que todas nós temos a certeza de que se não tivessem matado nossa confiança, se ainda dormíssemos na mesma cama ou tivéssemos a mão que ainda deveria ser a unica a nos tocar. Estaríamos correndo para lá mesmo. Porque há um dono em cada espaço de dor.
Quando agente cai na real já pela manhã começando o dia virando rapidamente uma xícara de café, esperando que o dia seja cheio pra não ter que lembrar da luta constante entre o que agente sente com o que agente tem que ser. É tão contraditório, tão... tão asfixiante que sábias amigas talvez esse seja um caminho conveniente. Não sei por quanto tempo.
Perdoar, esquecer, continuar a sonhar, aonde isso vai nos curar?
Aliás, isso soa tão arrogante que posso comparar com a ridícula tentativa da perfeição de amor em fábulas.
Aqui é vida de gente grande então
vamos fazer disso um negócio recíproco e humano.
Se alguém errou, lamentavelmente continuou a errar e a me ferrar.
Porque eu sou a boa moça que ainda quer correr, pegar o telefone ligar todas as noites? Que ainda quer sofrer? Que acha que alguma coisa pode mudar? E fica no sofá chorando a cada filme que me serve como catarse?
Vem aí a minha favorita conclusão.
Se tudo o que sinto devo negar só para não querer tê-lo. Amar como? Se tudo o que sou de você, gasto no chocolate, nas tardes a toa, nas noitadas, no meu cigarro, no beijo de cada um deles, na pista de dança, no delírio doce, experimentando um pouco de fama e até mesmo outras mulheres.
Mesmo não querendo, precisei fazer pra ser um pouco daquilo que eu não precisava ser.
E sabe? Eu gostei.

segunda-feira, 22 de março de 2010

Isso acontece na vida real.

Um coração solidificado de puro concreto amor.
Era porto seguro.
Era proteção daquelas que só se encontra na mesma mão.
Segurança e  carinho que se acha no mesmo colo. Me diz quem nunca teve
essa necessidade de merda? Merda que você se enfia até o pescoço porque amor é lindo,

amor é se prestar a trocar de lugar, dar um jeito na vida do outro e levar mil tiros no peito.
Depois que doa-se o órgão chega uma carta de reprovação. Amor negado.

Pegue sua senha, retire no balcão e dê o fora.
A fila anda.
A vida é rápida.
E a gente é idiota em ficar achando que pra sempre é pra sempre mesmo.
No açogue tem carne nova toda hora.  


domingo, 14 de março de 2010

Amor, saudade e prosa. Porque?

Escrevo sim! E justamente assim.
Sobre amor, sobre a saudade e todo sentimento que quer viver.
E escrevo sim,
para matá-los
na arte de eternizá-los
fora de mim.

terça-feira, 9 de março de 2010

Aonde?




Certo!
Agora me pego pronta pra começar mais uma sequência de desabafos como se a vida fosse simples fatos jogados e estatelados na minha cara.
E sabe? Eu acredito que seja mesmo.
Deus por assim dizer, olha lá de cima com um leviano sorriso e me diz: - Agora te vira minha filha!
Não acho que seja errado eu ter que aprender.
Não acho errado sentir dor com as próprias pernas sem que alguém me prepare ou avise. Mas toda vez que tentam fazer isso por mim parece que os avisos foram de todos os tipos menos aqueles os quais eu precisava. Vai ver que é esse meu hábito fast - food. Preciso treinar um pouco de cultura de subsistência nessas terras que eu venho conquistando.
Chego sim a me preocupar comigo mesma e essa mania de ficar me encarando
no espelho esperando encontrar alguma resposta no mais negro das pupilas dilatadas por causa da luz amarelada do banheiro. Mas sempre resulta na mesma fricção com os lábios pra espalhar o resto do batom vermelho e um beijinho pra dar sorte.
Apago a luz e " Hoje não!".
É porque eu já venho mastigada pra mim mesma.
Se eu tentar pensar demais e fazer tudo descer garganta a baixa, morro fácil engasgada ou de uma catastrófica indigestão.
É, tenho mesmo essa irônia desesperada..É o começo da linha. Eu tento achar a ponta dela nos meus pensamentos,ver aonde estou chegando e
até aonde consigo ir. Quero compulsivamente descobrir o que eu fiz e o que tenho sido.
E é tão excitante porque tudo o que eu consigo enxergar nesse momento são cores vibrantes,
o látex, o couro, o brilho, os sapatos, o spray, o sintético do corpete e
um casaco pro frio no dia seguinte depois que o efeito da noite surtir.
Parece tão superficial e na verdade é mesmo. Cansei por hora do que é verdadeiro,
do real, do intenso e do digno. Ser certa, pura e assumir isso pro mundo inteiro é responsabilidade demais.
Sabe aquela coisa de gente covarde?  Sempre odiei, mas se não querer pensar em nada é sair com o rabo entre as pernas, é bem o que eu to fazendo mesmo.
A mente funciona demais e
sentir muito tem consumido.
O alicersse foi remendado
e é uma procura incessante pela paz.
É com esse orgulho besta, pose de amazona e piscada de meretriz que saio incediando tudo a minha volta pra que ninguém repare no rebuliço fervente de todos esses sentimentos de amor profundo, de esperança tola com uma pitada de " carpe diem".
É essa péssimo hábito de enlouquecer e bancar a louca que faz com as pessoas tenham a péssima tendência de me dizer:
Você talvez seja a panela sem tampa.
O pãozinho mais escuro.
O resto congelado do almoço.
E todos sabem que isso é sinônimo de estragado, diferente e de que vai ficar pra titia.
Como tudo isso desperta a minha curiosa indignação
de que é tudo tão sem graça  e sem vida quando se trata de padrões.
Seguir filas, ser contada no rebanho e caminhar de acordo com tudo o que se tem que concordar.
Eu sempre soube que ser doce é conseqüência de amor por simplesmente amar.
É a gentileza expressa na paixão de ser eu mesma tanto quanto eu queira ser e a agressividade a qual venho aceitando que faz parte de mim é o tempero pra não tornar tudo tão fácil. Não quero ser fácil pra ninguém e nem pra mim.
Não é bonita a transparência da minha fraqueza quando ela é evidente na minha carência ou nos sofridos espaços da saudade e das minhas lágrimas sujas de raiva.
Pensa numa rosa. Aquela flor tão linda que dá gosto de perder o dia todo olhando pra ela.
Pensa que entre centenas ela brotou miúda e nem sequer tinha chance de florescer,
mas fez tanta força que desabrochou maravilhosamente. Só que os ventos que por ela passaram foram tão fortes que agora ela prefere estar despetalada à conviver com a necessidade de aprovação de um jardim inteiro.
Quer saber?
Tem sempre sim um louco que admire as nossas maiores loucuras.
Que sempre quem queira a nossa loucura para dar sentido a dele.
E talvez se ele só existir,
já possa ser suficiente para que eu exista também.
Enquanto isso,
a mesma vida bagunçanda.
Anulando as difinições,
botando um basta nos horário e
desistindo de porquês.
Quero extravasar quando eu precisar de você
e apenas ser o que fui feita pra ser.
Essa mistura farta do pronto,
do instantâneo, do que é fácil, da falta de razões, da intolerância a gente fugindo quando se trata das próprias emoções.
Pois é! Acho que cansei foi de mim mesma. Eu tô sendo uma grande contradição.
Deve ser fase. Porém, ao menos tenho algum motivo pra fazer você entender porque é que to vivendo de cabeça vazia.
Cá estamos e  nós vamos de novo enfrentar mais um dia.
E para tudo já programdo,usado, quadrado e certeiro
me diz aonde é que vou me enfiar?