quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Deixa rolar.





Deixa rolar,
só mais uma noite.
Enquanto eu vou jogando todas as roupas fora do armário
procurando desesperadamente por aquela maldita meia-calça.
(Engraçado! Tinha certeza que ela estava na gaveta das meias - calças)
Vai! Deixa a noite rolar!
Enquanto eu vou pintando apressadamente as unhas de vermelho, porque resolvi arrancar o esmalte antigo com os dentes e nisso já vou separando toda a make up! Maquiagem, maquillage, ah tanto faz! Dane-se ! Vai terminar tudo na minha cara mesmo pra acabar com a olheira e supostamente
fazer a função da maquiagem, tentar me deixar mais bonita ou menos feia.
Sei lá.
Deixa rolar a mesma noite!
Enquanto eu fico desfilando pela casa de lingerie e toalha na cabeça, parando de três em três minutos em frente ao espelho pra ficar reparando que... mas que droga! O amor à cerveja, a Tequila, a Vodka com Schwepps, Sex on the Beach, Whiskey, Saquê e tudo mais o que tenho direito na noitada tem me causado sérios problemas de amor. Tudo o que agente bebe, entra e sai né? De alguma forma,engraçado, a minha bebida me ama tanto que ela insistiu em se alojar pelas partes do meu corpo.
Na bunda, na barriga, na coxa.
Mas vai né, deixa a noite rolar.
Enquanto eu to ficando eufórica, a hora tá passando, vou me atrasar pela milésima vez.
Mas também me diz, quem inventa hora pra chegar na balada?
Tô indo pra expulsar toda a minha insanidade ou absorver novas.
Não preciso ficar neurótica com horário. Na verdade dá o maior prazer saber que estou " atrasada" três horas. Porque esse é o propósito.
Deixa rolar vai!
Enquanto eu tô aqui curtindo um som, acendendo um cigarro, semi-pronta. Falta só acabar o cigarro e borrifar o meu Miracle Forever, tá bom vai, borrifar uma ova. Eu tomo banho mesmo de perfume, não vivo sem perfume, sou fanática por perfume.
E sofro por antecipação, daquelas que nem tem motivo.
Parece uma necessidade da minha alma que fica me xingando, me batendo por dentro, fica furiosa, doida, se debatendo e dizendo " Vai logo pelo amor de deus, me tira daqui".
Então deixa a noite rolar.
É como um ritual, entrar no carro e ligar o som. Um pré aquecimento, só pra dar o gostinho a mim mesma ou só pra provocar mais e me fazer ficar selvagem.
Só pra soltar o bicho na hora certa! É por isso que digo pra minhas amigas quando a gente da aquele "Oi" meio histérico, e se abraça parecendo uma reunião do reino animal em bando, "Hoje o bicho vai pegar" e elas não entendem o contexto verdadeiro da coisa.
E a noite começa a rolar.
O primeiro pé dentro do lugar é como o primeiro gole da cerveja, é como o primeiro cigarro do dia, o primeiro beijo antes de conhecer o cara e por aí vai.
Toda aquela coisa que não me deixa parar de rir, fico até pensando se as pessoas já me apelidaram de maria risadinha. Meus olhos ficam brilhantes, de repente eles ganham potencial
pra se transformarem de simples olhos à olhos fatais, olhos Bella Donna, olhos 43! Tudo por causa do que tá rolando.
E mais que isso, ainda por cima eu adoro ficar grudada no bar. É como ter certeza que assim que eu precisar encher o copo eu não vou ser inconveniente pedindo licença as pessoas tendo que me enjoar de fazer todo o percurso da mesa até o bar, sem contar aquela muvuca, não entendo o tesão que as pessoas sentem em trocar suor, cecê, bafo, respirar o mesmo ar quente. Mas isso tudo funciona como uma perfeita desculpa só pra eu ficar perto do bar mesmo.
E lógico adoro mais ainda o barulho que faço propositalmente do copo da tequila batendo na madeira do balcão. Sem aquele mesmo som a noite não tem a mesma graça.
E a noite tá rolando, e são tantas pessoas, tantos movimentos, tantas roupas, mãos, poses, jeitinho meigo de falar, jeitinho cabaço de falar, jeitinho charmoso de falar, jeitinho biscate de falar.
Tem de todos os jeitinhos pra todos os gostinhos.
Eu prefiro imaginar cada um com uma etiqueta pendurada mostrando o verdadeiro valor.
Seria menos complicado.
É que complicado mesmo sou eu e minha mente inquieta que não sossega.
Eu falo pra ela tirar uma folga, mas insiste em reparar, em pensar, em criticar, em analisar,
em ser irônica, rir bem alto, aquela risada gostosa interna e bem maldosa.
Falo pro meu coração se esvaziar e esquecer que eu existo essa noite, porque nessa noite nem eu sei o que eu quero. Às vezes, quero ser mais eu do que nunca, às vezes quero ser alguém completamente diferente. Quero ser uma cachorra, uma dominatrix, quero ser a Alice, quero ser
qualquer coisa que me tire de mim mesma e fico incorporando personagens até descobrir que além de ser boa como atriz, sou muito boa mesmo em ser Thaís. E por favor Thaís Forni.
Então deixa a noite rolar,
faz bem um pouco de tudo isso,
cotovelos se relando, meninas se ralando, homens atirando desesperados pra qualquer lado,
eu me acabando, maquiagem borrando, suando, dançando mesmo sem sentir os pés, sem sentir o drama. É que a música ensurdece qualquer circunstância e a minha pulsação sufoca qualquer pensamento.
Deixa rolar.
Sainhas de 30 cm já que isso é inevitável desde o dia que Deus abriu a porteira da granja,
deixa rolar roupas caras, marcas, playboyzinho que não aprendeu a beber, filinho de papai se achando homem por causa das sainhas de 30 cm interessadas no que tá por baixo das calças,
me refiro a carteira, mas pode ser a outra coisa também.
E de preferência todas as máscaras coloridas, simpáticas, plastificadas, falsas, lindas que todo mundo faz questão de levar junto.
Deixa rolar também um climinha chato em encontrar quem não convém, não porque chateia, machuca, ou porque eu to desacompanhada e sem ninguém. Não é nada disso!
É porque é aquele climinha chato no qual, lembra da risada interna gostosa? Pois é! Eu morro dela, quando me vejo inteira, sozinha, feliz e rodeada da noite que tá rolando.
Prefiro assim a ser a feiurinha que te rodeia. E ver estampado na sua cara como você fica quando me vê.
E deixa rolar mesmo,
todo esse sentimento, que vai e vem com o tempo,
eu ser louca a todo momento que é pra afastar todo mundo porque eu não quero mesmo ninguém me querendo. É que quando alguém quiser, vai querer até mesmo pela loucura.
Então
só,
deixa rolar.
A minha noite, do meu jeito,
com meus rituais, com a minha bebedeira em minha companhia,
inteiramente satisfeita, inteiramente imperfeita,
com meu amor todo escrachado, enquanto reparo,
enquanto me acabo e o quanto gosto
só daquilo que a gente deixa rolar.










quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Decidida.




Você vem com a sua hipocrisia afiada querendo estourar todos os meus sonhos de bolhas, frágeis, flutuando pra qualquer canto.
E vem querendo desvirginar toda minha inocência e sentimentalismo, na minha vida perfumada e elegante, querendo me fazer perder a compostura.
Só pra asfixiar o meu " Eu Te Amo". Só pra me enganar e me fazer acreditar que fui eu quem cometi o engano.
E é uma porcentagem tão pequena do que eu ainda gosto. Seria mais bonito lhe dizer de todos os meus desgostos.

E foda-se se deixei você passar horas na minha cama, e me passar um pouco dessa imundisse. Queria me sentir forte e suja à me sentir pequena e burra, já que não posso fingir.
Me ensina? Me ensina como se foge?
Me ensina como se morre de tanto negar a si mesmo o próprio coração?

É que precisei ser eu mesma. Não posso engolir as verdades inteiras. Não posso brincar de ser seu amor e sua puta! Eu não brinco...

Sou mulher pra vida toda!

Pouco me importa em qual caverna você se esconde,
em qual caminho você se perdeu de mim,
em quantas calcinhas andou colecionando e
quantas promessas fez e por onde.
Se bebeu, se caiu, se fumou, se beijou, se transou, se sorriu, se amou,
se doeu, se sofreu, se brigou...
e em todos os verbos da sua vida
eu só te quero de longe.