segunda-feira, 18 de abril de 2011

É sobre o que você nunca conta que é bom escrever.

É assim! Sempre assim!
Toda vez que você quer falar sobre alguma coisa, quer tirar inspiração de algum lugar, fica tentando forçar o cérebro buscando algum fato intrigante, alguma coisa engraçada, faz mais força ainda e começa a se irritar. Porque? Porque quando você mais precisa parece que sua mente te sacanea, seus sentimentos tiram folga
e você começa a flutuar por uma onda tão sinistra de imagens sem ordem cronológica e sem percepção de fato do que é real ou não?
Tudo isso só me causa uma grande frustração. Uma bela de uma frustração que eu tenho que curar andando patéticamente em círculos pela sala fingindo que posso pensar em passear no shopping, tento me entregar a sensação de que passar uma hora fazendo minhas unhas vai me distrair e  vou sair mais contente por isso. Ou até idealizar a minha ganância de gastar tudo o que eu não tenho na nova coleção da Cris Barros pra sustentar meu ego e poder feminino concretizados em recursos materiais pelo simples fato da cobiça e desejo serem materializados em qualquer coisa que alivie a frustração lá do início. Só uma coisa não me sai da cabeça, preciso, urgentemente escrever.
Desisto!
Vou é mesmo pra cozinha abrir a porta da geladeira, fazer aquela coisa estúpida que até hoje eu não entendo porque todo mundo faz, abre, olha, analisa, pensa, parece que a vida ou o vácuo passa por cima de todas as comidas, de todas as grade,vai contornando o pote de margarina, depois o iogurte das manhãs, até eu tomar a decisão nada decidida e sim totalmente induzida visualmente pela caixa de suco que se destacou  na paisagem,
na terrível floresta, brotando comida por toda parte, armazenando todos os meus quilos futuros. Hora de fechar a porta!
Droga! Esquecí o suco. Lá vou eu abrir a porta correndo pra não cair de novo naquele universo tentador de pensamentos. Acho que agora eu compreendo porque todo mundo faz a mesma coisa. É hipnose.
Ainda com a frustração me vestindo como se eu fosse um cabide feito pra ela ficar pendurada em mim, perfeitamente encaixada, sem ter um amassadinho até o verdadeiro dono dela resolver vir resgatá-la. Sou um cabide com um copo de suco de laranja rodando pelo quintal observando  em como ando cautelosamente sem pisar nas linhas  que separam os azulejos vermelhos e por sinal azulejos vermelhos nada me agradam, trazem um aspecto meio sujo, me fazem lembrar da casa da Vó e ainda por cima acho que tá brega. E sem desviar do foco preocupante que é eu não pisar nas linhas, qual é o problema em pisar nas linhas? É alguma superstição? É alguma atrocidade à lógica e perfeição de encaixe dos polígonos regulares? Porque meu corpo resiste quando tento pisar? E sabe que olhando assim
pro chão acabo não tendo como reparar que eu tô precisando urgentemente marcar minha podóloga? A situação não tá crítica mas os saltos tem maltratado a minha pele branquela e fina. Talvez se eu tivesse optado por fazer as unhas naquela hora eu não ficaria preocupada agora em conseguir uma hora naquela agenda lotada, cobiçada e milagrosa.
Ok! Chega de neura!
Hora de voltar pro quarto aonde nada, tá prestando atenção? Nada nesse mundo me faz trocar o horário precioso do meu menage: Eu, meu travesseiro e meu edredom. Justamente porque insônia na minha vida não é um problema, aprendi a conviver com ela e conseqüentemente transformar as horas de descanso em um tesão que nem início de orgasmo, aquela hora que você sabe que ele vai chegar e quanto mais você quer que ele chegue, com mais tesão você fica. Aí acontece... explode! Êxtase puro! No meu caso eu só entendo dia seguinte quando acordo, zonza lembrando que eu consegui dormir. Ainda bem que nunca corro aquele risco de acordar zonza em quartos diferentes me surpreendendo com companhias diferentes desde que o coração virou cachorro sem dono, quer dizer, cachorro até certo ponto né, senão não negaria em se surpreender zonzo com as companhias. Na verdade companhia todo cachorro gosta, até os mais vira latas,
dividir a minha cama nunca seria um problema e nem mesmo teria problema em convidar meu amor pro meu quarto participar toda madrugada do meu menage. A insônia voltaria a ser só uma inimiga e comum seria dormir de conchinha que eu confesso que me derreto toda só de imaginar. O problema é que não tem mais amor nessa história. Odeio que me perguntem se eu ainda quero um ou não. E de verdade? Voltando a estaca zero de que eu estou no meu quarto, frustrada, depois de rodar a sala, ir pra cozinha, pro quintal e voltar pro quarto. Andei pensando tanto que cá estou eu observando as veias pela minha pele branquela, lembrando que eu poderia ter feito as unhas, que reparei em polígonos regulares e não piso em linhas no chão, que eu nem sei aonde deixei meu copo de suco de laranja, que tenho devaneios ao abrir a geladeira, que me coração é cachorro que morde, que voltei a falar de amor, comparei meu sono à orgasmos, ainda morro só de pensar em dormir de conchinha o que significa que a carência tá no ponto crítico e agora tô aqui cheia de insônia madrugada a fora
pensando é sobre o que é que eu vou começar a escrever. Que droga! É sempre assim.

domingo, 17 de abril de 2011

Martelo de Porcelana.

Não! Não! Nem sempre é dia de ter paciência, de ser educado, de dar bom dia! Nem sempre é dia de engolir sapo, de irrelevar a porra toda, de dizer que amor é capaz de tudo, de fingir que tá tudo bem, de sorrir quando você quer ficar de cara emburrada. Se eu tô azeda, se eu tô amarga, se eu to fechada e quero que meio mundo se exploda! Não venha me dizer não, sim ou talvez. Porque nessas horas a única pessoa que precisa falar sou eu. Sim! Serei a mais egoísta por isso. Serei o lado intolerante, o lado carrasco, o lado megera. O que às vezes cansa muito. E aí como eu daria tudo nessas horas por uma mão nos meus cabelos, colo quente no meu sofá preenchendo o espaço vazio da minha sala, enquanto eu sozinha fico ecoando pela casa. Pela vida. Desejando sorrir grudada no seu peito e ir lentamente socorrendo a minha carência. Alguém pra amansar o machucado que virou pedra.

Método Empírico.

O meu mistério mesmo é nunca entender porque sou tudo e em um segundo passo a ser feita de nada. O meu vazio é proposital quando me devasto pra caber todos os sonhos e cobiças, pra caber eu mesma que sou muito maior do que o mundo todo.


É forte, é eterno e burro.

A saudade é poderosa, ela faz você ocupar todos os meus dias. Surge a necessidade de não só ter, mas ser. Apenas ser. Ser pra você, na sua vida de algum jeito útil pra satisfazer essa emergência do amor. Um jeito desesperado e doce de curar o quanto minha memória te projeta por aqui.Pior do que não poder viver um grande amor, é lutar por um em vão. É saber que ele é grande, saber que é amor, mas ter certeza de que não vai chegar em lugar algum. Os que se calam, se agonizam. Os que fogem, sofrem! E ainda há os tolos como eu que mantém a esperança sabe-se lá do que pra garantir todos os dias o que vem da alma. Forte e eterno.